Livro: Direitos Iguais, Ritos Iguais – Terry Pratchett (Discworld Livro 03)

O frio cortava como faca. O gelo havia deixado uma crosta sobre a neve. Não importava para onde estava indo: o terror havia lhe dado a incandescente determinação de chegar lá o mais rápido possível.

Demorei mas finalmente li o terceiro livro da série Discworld (mais detalhes aqui) e fico me perguntando do porque de ter demorado tanto. Se nos dois primeiros livros temos uma história muito boa onde o universo é apresentado, aqui temos uma maravilhosa onde é apresentada a Magia e seu funcionamento, assim como a diferença entre Magos e Bruxas, sem perdermos nada do humor ácido e critica social que são marcas do autor.

O livro começa explicando como surgem os magos: são sempre o oitavo filho de um oitavo filho. E então temos um velho mago que procura seu sucessor em uma aldeia perdida nas Ramtops (cadeia de montanhas) até que enfim o encontra e passa a ele seus poderes. O problema é que esse ele em específico é ela. E não existem Magas, apenas Bruxas.

Passam oitos anos e temos a nossa protagonista (sim, a protagonista é uma garota de oito anos) que começa a ter a Magia dos Magos despertada nela. Sua avó, a Bruxa Cera do Tempo, não vai deixar isso acontecer e a inicia nos segredos da bruxaria (essa sim magia de mulher), mas não consegue conter a curiosidade ou o poder da menina. Assim ela resolve acompanhá-la para a Universidade Invisível, onde os Magos aprendem a controlar seus poderes (E mulheres são proibidas).

E então a aventura começa, já que essa Universidade fica bem longe das montanhas. E aí o autor aproveita para apresentar mais algumas das novidades de seu mundo fantástico contando a história de uma forma leve e divertida.

Não deve ser difícil perceber que o livro trata a questão do preconceito e igualdade de gêneros, mas o faz de uma forma leve, inteligente e moderna (o livro é de 1987 e tem muito a ensinar sobre modernidade e igualdade para essa nova geração)

O livro não é grande, terminei em menos de uma semana, e eu certamente daria para a minha sobrinha de 11 anos ler pois sei que seria uma excelente forma de incentivar a leitura, afinal temos protagonistas femininas fortes e complexas onde Esk (a garota) busca mudar o mundo ao seu jeito enquanto Vovó Cera do Tempo vai se vendo forçada a aceitar essa nova realidade por amor à neta, deixando claro que o preconceito ocorre dos dois lados.

Resumindo, temos um livro leve e divertido, com um protagonismo total das mulheres e uma excelente porta de entrada para a série (sim, você não precisa ter lido os dois primeiros livros para ler esse. Na verdade isso vale para a maioria dos livros que li dele)

Na Amazon está em falta, infelizmente. Acho que só conseguimos usados hoje em dia.

Não era segredo que havia lobos nas Ramtops – porque em certas noites os uivos ecoavam das montanhas – mas os animais quase nunca se aproximavam da aldeia. Os lobos modernos descendiam de criaturas que haviam sobrevivido por terem aprendido muito bem que a carne humana tinha lá seus contratempos.

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