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Cortesia com o Chapéu dos Outros

Então, esse é um termo usado pelos Antigos, que eu aprendi com o meu pai (ainda vivo e bem). Em resumo é uma expressão que indica fazer um agrado, de qualquer tipo, às custas de outro.

Eu sempre penso nesse termo quando vejo duas situações ocorrendo: Politicas Públicas de Distribuição de Renda (com o intuito puro e simples de compra de votos) e quando vejo a turma reclamar das condições de trabalho de Uber ou Entregadores pelas redes sociais.

Politicas Públicas de Distribuição de Renda

Falando primeiro do caso dos políticos, que é algo em obvio para alguns mas desconhecido (ou simplesmente ignorado) da grande maioria das pessoas. O dinheiro do Governo, aquele Orçamento que ele sempre estoura ao comprar lagosta, contratar parente ou ir passear (pode ser Dubai ou França) é o nosso dinheiro. É o dinheiro que foi tirado de uma forma ou outra dos nossos bolsos em forma de Imposto.

E sim, no final das contas quem paga somos nós. Ou você acha que o aumento do imposto feito a grandes empresas ou empresários não é repassado integralmente (ou até com algum extra!) para os preços e serviços que nós consumimos?

E justamente por isso esse dinheiro deve ser bem empregado. Sempre!

Politicas de distribuição de renda são importantes em um país pobre e desigual como o nosso, não há dúvida disso, mas sem contrapartidas que possam em um médio ou longo prazo reduzir a desigualdade (mais difícil) ou pelo menos dar a possibilidade do nível mais baixo da pirâmide ter acesso ao mínimo que é saúde, segurança e educação, essas politicas se tornam apenas compra de votos. Com o nosso dinheiro.

Enganados Aqui Ficamos

Uber e Entregadores

Indo agora para o outro lado, onde nas redes sociais as pessoas vivem reclamando das condições de trabalho dessas pessoas, que deveriam ser contratadas pelo aplicativos, ter CLT, que “As empresas deveriam…” e que “O governo precisa…”.

Mas será que fazem a parte delas? Essa cobrança pode até ser justa, mas quem está nessa vida às vezes tira dali o seu sustento, e regras mais rígidas para a empresa podem favorecer quem está empregado, mas reduzir (e muito) o número de pessoas trabalhando. Quem é mais velho lembra do Cartel que eram as empresas de Taxi, com políticos donos de enorme frotas e que os motoristas eram tão (ou mais) explorados do que os do Uber.

No caso dos entregadores também segue essa linha. Restaurantes reclamam das taxas cobradas por um iFood, mas poderiam contratar UM entregador por CLT, que seria capaz de atender uma área pequena e com prazos indeterminados de entrega, e não o fazem. O motivo é óbvio: é muito mais negócio tem tanto o cardápio em um site e entregadores variados atendendo o restaurante (grande ou pequeno).

Do lado dos entregadores, pode ser uma renda extra, atender diversos restaurantes e aplicativos ao mesmo tempo. Fosse realmente RUIM trabalhar assim tivessem uma opção melhor para trabalhar, estariam lá.

O trabalho como Uber ou Entregador é uma necessidade e pode, sim, ser um passo para algo maior. Terminar o segundo grau, um curso técnico ou mesmo uma renda extra para a casa.

E as pessoas que reclamam nas redes sociais querem que o problema seja resolvido. Pelos outros, com outros recursos. Gorjeta (que os aplicativos inclusive disponibilizam e pode ser cobrada no cartão se você não tiver dinheiro em casa) é demais… Aí não… Pois mexe no meu bolso e não pode…

Imagens que trazem alegria

A relação?

Eu sei que parecem assuntos diferentes, mas nem tanto. Os dois estão relacionados ao fato que o brasileiro médio adora que todos os problemas sejam resolvidos. Não importa o tamanho ou complexidade eles tem solução! É só alguém (nunca eu, sempre ou outros) resolverem. É fácil. Sempre foi e sempre será.

Temos o mal do Salvador da Pátria. Do cara que vai nos tirar do buraco e nos levar à grandiosidade que sempre merecemos! Mas não pode dar trabalho, é algo que simplesmente tem que acontecer. E não acontecerá.

O Brasil será eternamente o País do Futuro. O problema é que o Futuro nunca chega, mas está sempre logo ali…

Brasil: País do Futuro – Stefan Zweig (1941)

4 comentários em “Cortesia com o Chapéu dos Outros

  1. Caro Dexter. Muito obrigado por sua apreciação ao Historyleakesbrasil. Não li ainda tudo o que você publicou, mas o Stefan Zweig chamou a minha atenção porque trabalhei no Jornal do Brasil com Alberto Dines, o autor de uma biografia de Zweig. Vamos nos falar, Hu
    Humberto B.

    Curtido por 2 pessoas

  2. Infelizmente ainda não evoluímos no sentido das políticas públicas. Os nossos políticos preferem dar esmola a criar projetos que gerem empregos. Sempre falo as pessoas não querem esmola e sim trabalho, mesmo que alguns casos sejam limitados (mas ainda assim é digno). Enquanto existir o tal cabresto não ocorrerá a tal revolução. E excelente texto! Estava preocupada com seu sumiço. Abraços e cuide-se!

    Curtido por 1 pessoa

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