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Medo: Parte 02

Do ponto de vista da Psicologia, o Medo é um estado afetivo e emocional, necessário para a adaptação do organismo ao meio. Com relação ao aspecto social e cultural, o Medo faz parte da construção do carácter de uma pessoa ou de uma organização social. Na arte, o Medo aparece como uma forma de entretenimento, por isso, constitui por si só um gênero narrativo, como os contos ou os romances de terror, e o gênero cinematográfico dos filmes de terror.

E aqui estamos para falarmos mais um pouco sobre o Medo, desta vez mais focado em histórias e Literatura, dando continuidade ao Post anterior.

Esse é um tema (Terror) que me interessou desde cedo. Eu sempre li livros e contos de terror, alugava (sim, sou do tempo das locadoras) filmes e sempre ficava preso na seção procurando algum que ainda não tinha visto e até, mas recentemente, jogos de vídeo game.

Medo na Literatura

Na hora de trazer o tema para os livros, não temos como falar de Medo sem falar no meu gênero literário predileto: o Terror. Dentro desse gênero busca-se sondar o medo e os temores que estão no entorno e na mente homem. Esse temor pode vir tanto do conhecido, como a violência, as guerras ou a loucura, como o desconhecido, como os mistérios e fenômenos sem explicações.

É na literatura dita macabra, em cada página, letras e textos oriundos da mentes sensíveis ao sombrio que o homem pode reencontrar-se consigo mesmo, com os fantasmas que o perseguem, ainda que seus olhos levantem-se inquietos e, até mesmo o silêncio o assuste enquanto lê, a segurança do distanciamento promove o encontro, a busca, o desafio, até mesmo a indiferença de múltiplas emoções.

O medo, quando explorado na literatura, reflete as sensações enfrentadas na vida dita real. A função catártica da literatura é a purificação, o sentimento de alivio, de expurgar a angústia das situações de tensão. O texto literário pode ajudar o indivíduo a conhecer-se e a conhecer a sociedade em que vive.

O homem precisa, mais do que nunca, saber ao que teme, e toda a sua complexidade reflete-se nas letras. E muito por isso que dentro deste tema temos tanto autores consagrados e reconhecidos pela crítica (como Poe e Lovercraft) até autores que são Best Sellers mas atacados pela crítica especializada (como Stephen King).

Origem

A Literatura Ocidental nasceu na Europa, isso é fato. Durante toda a Idade Média o medo foi tema do imaginário medieval europeu e serviu de tema nas mais variadas artes, tanto literárias, iconográficas como religiosas. A população na Idade Moderna mantinha a mesma mentalidade acerca dos medos continuando o sobrenatural a interferir nas suas vidas e ainda hoje temos um forte impacto do medo em nossas vidas, muito dela vindo do imaginário ou mesmo modernização das lendas e histórias de outrora.

A verdade é que na Idade Média o que não faltavam eram motivos para ser medo, como a Peste Negra, a Guerra dos Cem Anos ou mesmo uma unha encravada que poderia facilmente levar à morte. Tendo em vista o risco iminente de morte, lendas de terror eram difundidas no intuito de afastar, amedrontar e, até mesmo, proteger as pessoas.

Criadores

Acredito que, dentre os clássicos, temos dois autores que conseguem, ao seu modo, explicar bem os principais tipos de livros de Terror: Edgar Allan Poe, com um terror mais explícito, e H. P. Lovecraft, com um terror menos visual e mais sugerido, inominável, de fato, oculto.

Edgar Allan Poe, é, comumente, associado ao romantismo sombrio, isto é, uma variação do romantismo caracterizada pelo grotesco, irracional, sobrenatural, destrutivo e demoníaco. Sua poesia e narrativa estão sempre vinculadas à emoção e ao sentimento que caracterizam o romantismo, devido à melancolia, angústia, ao medo ou horror que elas provocam em leitoras e leitores, sendo considerado o criador do conto de terror moderno. As histórias sempre buscam o medo próximo, real, facilmente identificável pelo leitor. Ele tenta sempre trazer para nós o medo racional e visual. Mesmo histórias de espíritos e fantasmas trazem algo físico e identificável para o leitor, como no poema “O Corvo” em que esse medo aparece na figura do Corvo.

Enquanto isso, Howard Phillips Lovecraft escreveu um ciclo de histórias que, posteriormente, foram agrupadas nos Mitos de Cthulhu e também o grimório fictício conhecido como Necronomicon, através do qual os seres humanos em suas histórias entravam em contato com o panteão de entidades criadas pelo autor. Algo mais próximo das lendas e mitos da antiguidade, de um terror e medo grandioso demais para que fosse compreendido pela mente humana. Vale lembrar que Lovecraft é um dos poucos autores cuja obra literária volta-se única e exclusivamente para o horror, tendo como finalidade perturbar o leitor, depois de atraí-lo para a atmosfera, o ambiente, o clima daquilo que lê. Dentro dos estilos desses dois principais autores, na minha mais do que humilde opinião, podemos colocar toda e qualquer obra ou autor. Mesmo autores modernos e com dezenas de livros publicados, como Stephen King, navega sempre em um desses dois universos a cada publicação.

Diante da ave feia e escura,
Naquela rígida postura,
Com o gesto severo, — o triste pensamento
Sorriu-me ali por um momento,
E eu disse: “Ó tu que das noturnas plagas
Vens, embora a cabeça nua tragas,
Sem topete, não és ave medrosa,
Dize a teus nomes senhoriais;
Como te chamas tu na grande noite umbrosa?”
E o corvo disse: “Nunca mais.”

Trecho de “O Corvo” – Edgar Allan Poe

E Criaturas

O gênero de Terror também é muito fértil quando falamos das criaturas que nasceram do imaginário de diversos autores com o único objetivo de nos fazer ter medo. Muitas vezes são monstros ou entidades que vem de uma lenda antiga ou um medo comum em diversas culturas (como o medo da morte). Muitas dessas criaturas vieram das lendas para se tornaram mais do que comuns em séries, filmes ou livros (como os Vampiros), e outras foram criadas e hoje já fazem parte do imaginário (como o monstro de Frankenstein, de Mary Shelley).

A partir daí a quantidade de seres fantásticos e “humanos” só tem crescido e a grande maioria dos autores do gênero tem pelo menos uma criatura para chamar de sua…

Cena do filme Frankenstein – de 1931

Conclusão da Parte 02

O Medo dentro da literatura consegue ter todo esse sucesso, imagino, pelo que buscamos nos livros: uma experiência real, mas as sensações de perigo não vêm acompanhadas dos riscos. O medo não representa um risco verdadeiro, assim conseguimos sentir prazer com a história, com a leitura.

Ou seja, o terror é nomeado de acordo com o efeito que ele provoca, sendo o suspense um elemento narrativo importante para a maioria das histórias de terror mas que pode estar também ligado a histórias que não nos trazem o medo, como as policiais.

3 comentários em “Medo: Parte 02

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